Arquivo da categoria ‘Bissexualidade feminina’

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“Se você apresenta o namorado ou namorada gay como amigo, se é contra qualquer exposição gay em mídia social, se prega que opção sexual é para ser guardada a sete chaves, esse texto é pra você: Não, você não aceita a homossexualidade ainda.”

O trecho, escrito por Nathalie Vassallo, foi um tapa na minha cara. É o mesmo tapa que levo diariamente dos meus amigos. Eles dizem que sou covarde por não assumir minha verdadeira identidade sexual.

Admiro minha colega blogueira por ter exposto o relacionamento lésbico nas mídias sociais. Como ela mesmo cita, há um processo para todo mundo – o meu ainda está em fase de desenvolvimento.

Não assumir talvez seja um sofrimento maior do que se eu viesse a sofrer algum preconceito. Não posso falar da minha esposa para qualquer pessoa. Se um amigo das antigas me convida para uma festa, simplesmente não vou. Ele irá me perguntar sobre relacionamento e mentir vai ser pior. A decisão mais covarde é ficar ausente.

No trabalho, a maioria acha que sou uma solteirona insatisfeita que nunca vai casar. Não que isso me incomode (tá, me incomoda), mas seria melhor poder falar da minha esposa. Sinto falta de citá-la com a mesma naturalidade com que eu falava sobre o meu ex-namorado.

Estamos juntas há quase quatro anos e ainda fico tensa quando vou contar sobre ela a alguém. Minha família e meus amigos sabem. Mas ainda tem uma fila de gente que eu já poderia ter contado e as palavras não saíram.

Preciso frisar, no entanto, o desrespeito que já sofri quando entrei na onda de contar pra todo mundo. Fui ao mecânico com minha esposa e, enquanto esperava o carro ficar pronto, ele perguntou se eu e minha amiga (minha esposa esperando do lado de fora) namorávamos. Afirmei que sim, sem dar detalhes. Ele continuou “Ah, legal, cada um com seu namorado”. Respondi que na verdade nós duas namorávamos. Ele ficou calado, tentando processar a informação. Incomodada com o silêncio, perguntei se havia algum problema nisso. “Não tenho. Na verdade, acho excitante. As duas são bonitas, né. Queria entender melhor como isso funciona, por que você não me liga?”

Fiquei totalmente sem reação. Ele já conhecia minha esposa há muito tempo, como poderia falar aquilo? Desconversei, fechei a cara e saí rapidamente dali. Pensei em uma série de coisas para falar sobre desrespeito, mas nada saiu.

Não fazer e não falar só me prejudicam. Sei que não me assumir afeta a luta pelos direitos LGBT. De que estou exatamente me escondendo? De mim mesma, essa é a verdade.

Há pessoas em situação pior que a minha. Recebo e-mails de mulheres casadas infelizes com seus relacionamentos heterossexuais. Elas são apaixonadas pela melhor amiga, pela colega de trabalho ou foram fisgadas por uma mulher que acabaram de conhecer. E elas não têm coragem de mudar de vida. Não conseguem assumir que o relacionamento com o marido acabou e que estariam dispostas a viver um novo amor.

Uma mulher já confidenciou que casou por uma imposição da família. Ela nunca amou o marido, mas tomou a decisão para viver essa tradição burguesa perpetuada como o único modelo correto a ser seguido. Alguns homens relataram situações similares.

Estar com alguém do mesmo sexo, para muitos, é sinal de fraqueza, fracasso, promiscuidade. Tenho um amigo que não assume a homossexualidade por conta da carreira. Ele acha que a confissão pode prejudicar a ascensão dele na empresa. É uma bobagem. Eu sei e ele também. Mas a nossa covardia é maior.

Por que estou fazendo isso comigo mesma? É a pergunta que me faço todos os dias. E talvez eu já tenha a resposta e não queira admitir. Eu só queria ser aceita por todos. Mas a verdade é que nunca todo mundo vai me aceitar, sendo bi ou não. Só preciso assimilar que a primeira pessoa a quem preciso agradar sou eu mesma.

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Confesso que já tive muito preconceito com casais de idades muito distantes. Se eu via um homem de 50 anos com uma mulher de 25 já pensava automaticamente: “Ele deve ter dinheiro”.

Claro que essa situação pode acontecer. Uma vez ouvi um desses coroas anunciar sem rodeios: “Eu sei que ela está comigo por dinheiro. Ela me dá o que eu quero e eu a mesma coisa. É uma boa troca”.

Mas a troca nem sempre acontece dessa forma, muitas vezes há um verdadeiro sentimento envolvido. Alguns leitores confidenciam que estão apaixonados por pessoas muito mais velhas ou bem mais novas e têm dúvidas sobre o que fazer. Recentemente, uma leitora na faixa dos 20 anos relatou que uma mulher na casa dos 40 não saía da sua cabeça.

A mulher mais velha faz parte da imaginação pelo jeito de andar, de falar, de se portar. Seria apenas admiração? Para muitas pessoas sim. Por isso é preciso fazer uma auto-análise profunda. Nesse caso específico, há uma boa reflexão: quero ser como ela ou existe um desejo? 

Podemos ainda enveredar por teorias mais complexas. Freud, por exemplo, afirmava que muitas vezes podemos substituir o pai ou a mãe pela pessoa amada. Ele batizou isso de mecanismo de defesa de substituição. 

Há outro mecanismo de defesa similar, o de transferência. Uma pessoa que não teve pai ou não estabeleceu uma boa relação com ele, pode querer transferir todos os sentimentos paternais para o parceiro, como se ele fosse seu pai.

Não são análises simples e minha citação é rasa comparada ao conhecimento de um psicólogo. Por isso, sempre recomendo consultar um bom profissional para ajudá-los nesses raciocínios. 

Só não podemos descartar que o desejo também envolve admiração, que não pode ser confundida com nenhum mecanismo de defesa citado. É um misto de muitas coisas. A atração por uma pessoa reúne as mais diversas variáveis: não é só o jeito de falar e de andar, mas a personalidade, as ideias, o cheiro, o olhar. É tudo muito particular. Difícil explicar porque escolhemos determinada pessoa para viver um grande amor. É uma fórmula complexa e por isso muitas vezes é confundida, principalmente quando somos mais novos. 

Um bom exemplo disso é a paixão platônica por professores. Lembro de várias amigas apaixonadas pelo professor na minha adolescência. Não seria uma confusão entre (apenas) admiração e paixão? Nunca me apaixonei por um professor ou professora, então quero a opinião de vocês.  

A minha questão particular em relação a idade está no gênero. Sempre tive mais atração por homens da minha idade e por mulheres um pouco mais velhas. Apesar disso, já me envolvi com homens mais velhos e mulheres na mesma faixa etária que a minha. O que isso quer dizer? Que no final, a idade não será o fator determinante para firmar uma relação. Ou pelo menos não deveria ser. Há outras variáveis muito mais importantes.

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Nota 1. O BlogSoubi não compactua com a pedofilia, então descartem qualquer dissertação voltada a esse tema nesse post. 

Nota 2. Contem as suas experiências. Já se apaixonaram por alguém muito mais velho ou mais novo? Foi uma confusão ou era realmente uma paixão? Como vocês enfrentaram ou enfrentam o preconceito?

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Paula* é casada com um homem há mais de 10 anos. Há meses se deu conta de que não o ama mais e pensa em dar vazão a um desejo escondido há muito tempo: beijar uma mulher.

A vontade existia desde a adolescência, só faltava coragem. O fato de também se interessar por homens acabou ajudando no desejo dos pais. Casar e ter filhos. Fez tudo o que uma “mulher de família” poderia fazer. Não viveu uma mentira, ela realmente amou o marido. Mas o amor acabou e ela quer experimentar o desejo antigo de estar com alguém do mesmo sexo.

Diz que vai terminar o casamento, mas a coragem continua ausente. Não há motivos para julgá-la. Quem já casou sabe o quanto é difícil uma separação, ainda mais com filhos, ainda mais quando o próximo passo é se envolver com uma mulher e, quem sabe, se apaixonar?

O caso de Paula não é único. Diariamente, mulheres casadas, noivas ou com namorados me escrevem contando casos similares. Há quem esteja em um relacionamento apenas por aparência. Ou quem tenha descoberto o primeiro amor em uma mulher. Outras estão confusas porque não queriam sentir atração por homens e mulheres (ou apenas por mulheres). E muitas delas nunca falaram com ninguém sobre esse desejo. Com ninguém. Elas não conseguiram se abrir nem com a melhor amiga. Para entenderem o nível da situação, há mulheres que conseguiram escrever suas histórias só depois de um ano lendo o BlogSoubi. Elas não conseguiam nem escrever o que sentiam.

É difícil escrever, é difícil falar. Namorei homens e sempre tive desejo por mulheres, mas antes dos 25 anos nunca havia externado isso. Achei que guardaria esse segredo pelo resto da minha vida. Mas o meu namoro de longa data terminou e tive coragem para tentar. Fui tão além que hoje, aos 28 anos, sou casada com uma mulher.

Não foi fácil assumir esse sentimento dentro de mim. Foi um processo. É um processo. Ainda não falo sobre o assunto com todo mundo, apenas com quem confio. Estou vencendo isso aos poucos. O meu lema sempre foi não querer me expor. Muitas lésbicas e bissexuais têm o mesmo lema. Dia desses, uma delas me disse: “Se fossemos heterossexuais, sairíamos por aí dizendo isso?”. Não, não sairíamos. Mas também não teríamos o menor problema em dizer que somos casadas com um homem. Algum heterossexual esconde que é casado para não expor a intimidade?

Sabemos que não se trata apenas disso. Há o preconceito que poderá existir no âmbito corporativo. Há o medo de andar nas ruas e ser morto apenas por estar de mãos dadas com alguém do mesmo sexo. Há países em que você poderia ser presa. Há, muitas vezes, a pressão da família para não seguir adiante. Amigos podem deixar de ser “amigos”. E muita mulher pode pensar que você está dando em cima dela apenas por dizer oi – sim, tem gente que pensa desse jeito.

Respeite o seu processo de aceitação, mas não deixe que ele a limite a viver o que realmente gostaria. O primeiro passo para se livrar do próprio preconceito é conseguir falar com alguém sobre o assunto. É mais libertador do que você possa imaginar.

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Blog

 

No último 6 de março, o BlogSoubi marcou a sua estreia no Brasil Post, uma publicação criada em parceria com a Editora Abril e o The Huffington Post, portal de notícias americano.

post criado pelo BlogSoubi entrou no topo, com grande destaque, na sua primeira participação (veja imagem).

Nada disso teria acontecido sem vocês e a indicação de uma profissional que respeito muito. Obrigada por me apoiarem e colaborarem com afinco nessa jornada, que está apenas começando.

Agradeço imensamente todas as sugestões e histórias que chegam e continuam chegando por comentários e e-mails. São os relatos de vocês que deixam esse espaço mais rico e mais instigante para debates e descobertas.

Vamos continuar disseminando ideias contra o preconceito, o ódio e a ignorância.

Um grande abraço!

Amanda

A casa dos budas ditososCLB é uma baiana de 68 anos que se privou de poucas coisas na vida. Sexo não foi uma delas. Na obra A casa dos budas ditosos, ela conta ter conquistado todos os homens e mulheres que desejou. Nada é impossível. É tudo uma questão de técnica, experiência.

Há relatos um tanto sórdidos que ultrapassam barreiras religiosas e moralistas. Recomendável apenas para quem está disposto a se deleitar, sem amarras, em uma história que chocaria até a pessoa mais libertina.

CLB faz afirmações de forma contundente, deduzindo o que se passa na cabeça da maioria das pessoas. Uma delas é a respeito do desejo homossexual, que segundo ela, todos têm.

Todo homem que disser que nunca, na vida toda, sentiu nenhum tesão por absolutamente nenhum outro homem, até um belo transexual ou um efebo, mas nenhum mesmo, ou está mentindo ou se enganando. O mesmo para as mulheres  que reconhecem esse fato com muito mais facilidade,  talvez porque não tenham que ser machos como os homens e não vivam tão assustadas o tempo todo.

….todas as mulheres gostam de mulher, em graus variados ou até especializados, do mesmo jeito que todo homem gosta de homem, faz parte da constituição de todos, ninguém nasceu com papel sexual rígido, todo mundo é tudo em maior ou menor grau, o resto é medo de fantasmas ridículos e absurdos…

Em suas teorias bissexuais, CBL não acredita em mulheres que dizem “o meu negócio é homem”. São desejos reprimidos, conceitos criados na cabeça das pessoas por diversas razões. O mesmo vale para o homem, que se limita por conta de um machismo construído ao longo do tempo.

Não se sabe até que ponto as histórias são verídicas ou até se CBL realmente existe ou existiu. Apesar de não compactuar com muitos dos relatos (eles ultrapassam algumas de minhas barreiras), não há dúvidas de que ela diz muitas das verdades escondidas pela hipocrisia humana.

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MafaldaCom o tempo, a mulher aprende a selecionar melhor seus pretendentes. Na adolescência, ela geralmente escolhe os mais bonitinhos ou os mais populares do colégio.

Então ela aprende que a beleza ou a popularidade não são os mais importantes, apesar de algumas ainda insistirem nisso por muito tempo. Vamos aprendendo a olhar para os valores, o caráter, o modo de se portar, o papo e as atitudes. E com todos esses aprendizados, passamos a selecionar melhor (ou pelo menos deveríamos).

Só que em dado momento da vida descobrirmos o desejo por outras mulheres. E é como se voltássemos no tempo e tivéssemos que aprender tudo de novo. Nós simplesmente perdemos a capacidade de selecionar bem.

Aconteceu comigo e acontece com muitas das leitoras do BlogSoubi. Quando decidi que iria perder o medo de me relacionar com mulheres, recorri a todos os ambientes (virtuais e físicos) para atingir a esse objetivo.

No início foi um horror. Eu não ligava se a menina não tinha um papo tão envolvente ou se ela nem sabia o que falar. O meu único filtro inicialmente foi a beleza. Bastava ser um pouco bonitinha e pronto.

E a cada beijo com uma mulher (apenas) bonita, eu me sentia vazia. A sensação era ótima, a troca de beijos e olhares também, mas ficava nisso. Pensei em me envolver emocionalmente com algumas, mas não batia. Tinha perdido a capacidade de selecionar.

Cheguei até a me relacionar brevemente com uma pessoa comprometida, algo que ia totalmente contra os meus valores. Ela namorava uma outra mulher, inclusive. Eu nem tinha pensado que podia estar fazendo alguém que eu nunca vi sofrer. E tudo por um capricho, uma aventura e porque eu tinha perdido, de fato, o meu senso crítico. A empolgação é tamanha quando começamos a nos envolver com mulheres que só queremos ter a oportunidade de ter a experiência sem pensar muito nas consequências ou exigir os valores que já estamos acostumadas.

É o que vem acontecendo com uma leitora. Diana* tem quase 40 anos e sempre foi muito exigente com homens. Ela nunca tinha beijado uma mulher até conhecer Fabiana* em um bate-papo. Fabiana* é uma mulher com constantes atitudes infantis. Aquele tipo de pessoa que você só aguenta se o seu senso crítico ainda está em fase de desenvolvimento.

E por que Diana* suporta tudo isso? Porque ela quer se relacionar com uma mulher e Fabiana* foi a primeira que apareceu. Obviamente ela deve ter suas qualidades e minimamente um papo envolvente. Mas Diana* mesmo já admitiu que se ela fosse um homem, ele (ou ela no caso) nunca teria chances.

Por sermos mulheres, achamos que conhecemos muito bem a ala feminina. Não se enganem. Vocês verão que muitas vezes é até mais complicado. Alguns fatores vão nos fazendo enxergar melhor essas questões, a experiência é um deles. Você terá de sofrer, descobrir mentiras, perceber más intenções e até viver uma competição desnecessária. Sim, as bissexuais e lésbicas também competem entre si. Por insegurança, elas tentam deixar a outra por baixo para se autoafirmar.

Haja fôlego. É mesmo difícil selecionar – ou ajudar o nosso coração a fazer isso. E mesmo com a experiência, ainda estamos vulneráveis. A paixão não é racional e muitas vezes dribla o nosso senso crítico. É preciso muito amor próprio para fugir de alguém que não agrega nada a você. Esse é o primeiro passo para começar a retomar a sua memória seletiva.

*Os nomes são fictícios para não expor a intimidade da leitora

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CamaleaoUm grupo de lésbicas pode se tornar quase uma religião. Tem pregação e tudo: “Não gostamos de homens, não vamos a lugares que têm homens e em hipótese alguma beijaremos homens, porque temos nojo”, Se uma integrante desse grupo for contra qualquer preceito, corre o risco de ser duramente criticada.

As amigas heterossexuais das lésbicas também as reprimem: “Você falando de homem? Ah, para, você gosta de mulher, não sabe avaliar a beleza masculina”. Ser lésbica convicta é isso, é nunca desviar do seu caminho.

Exageros à parte, há de fato mulheres que nunca sentiram a perna tremer ao ver um par de calças. A química nunca bateu e acabou. Mas há lésbicas que na verdade são bissexuais e não sabem ou nunca se permitiram saber. Explico. Entrar no mundo GLS é realmente muito, mas muito bom. As pessoas têm a cabeça mais aberta, você vai a uma festa e nenhum homem fica te puxando pelos cabelos. E o relacionamento com uma mulher é algo absurdamente intenso. É um mundo ótimo, confesso.

E sair dele é difícil. Muitas “lésbicas” já confessaram se sentir atraídas pela ala masculina, mas não quiseram correr o risco de experimentar e gostar. Outras experimentaram. Esses dias, uma amiga contou que a colega de trabalho dela era lésbica e acabou casando com um homem.

Achei a história interessantíssima. Se uma “heterossexual” que namorou vários homens pode se ver apaixonada por uma mulher, uma “lésbica” também pode se apaixonar por um homem em dado momento da vida. E por que não?

Muita gente poderia falar: “Ah, mas ela só está casando com um homem por conta da sociedade. Na verdade ela é lésbica”. É a mania que o ser humano tem de colocar tudo dentro de uma caixinha e criar sempre uma regra. Não, ela não precisa ser lésbica a vida toda se ela se apaixonou por um homem. O amor é muito mais complexo do que um gênero. Acreditar que só podemos nos apaixonar por um sexo é racionalizar muito algo que não dá para racionalizar.

É por isso que eu gosto muito da frase de um colega meu: “Eu estou vegetariano”. Ou seja, nós somos seres mutantes. A vida nos muda, as pessoas nos mudam. Uma viagem pode nos mudar. Um trabalho pode nos fazer pensar totalmente diferente. Você nunca será a mesma pessoa deste exato minuto. Depois de ler esse texto, inclusive, você pode pensar totalmente diferente do que pensava há cinco minutos. E pode se permitir sentir coisas totalmente novas.

Se permita mais, reflita mais e não se enquadre em um grupo ou um tipo de pessoa. Você pode ser quem você quiser, desde que você realmente queira.

Um bom filme lésbico para refletir suas questões

Um bom filme lésbico para refletir suas questões

“Nunca me atraí, nem me apaixonei por outra mulher. Foi apenas ela, é apenas ela”. Essa frase já foi feita por muitas mulheres que conheço. Elas dizem que sempre se atraíram e se envolveram com homens e nunca uma mulher havia chamado a atenção delas.

Belo dia, eis que uma única mulher muda tudo o que elas pensavam sobre elas mesmas. Não sabem dizer o porquê. Explicam que não é uma questão de beleza – os alvos da atração passam longe de ser modelos. Mas aconteceu, simplesmente aconteceu.

Tentei puxar explicações em relação a isso, mas ninguém conseguiu completar um raciocínio a respeito. Continuo sem entender. Por que apenas um ser do sexo feminino conseguiu despertar o desejo lésbico em todas essas mulheres?

Parei para refletir sobre o meu próprio caso. Apesar de ter me apaixonado apenas por uma mulher – a minha namorada -, já me atraí por muitas outras (e me envolvi com elas).

É fato que nunca pensei namorar uma mulher, ter uma relação duradoura com alguém com o “mesmo corpo” que eu. Mas, no fundo, eu sabia dessa possibilidade. Talvez só não quisesse aceitar, achava que seria estranho.

Agora, nunca ter olhado para outra mulher e um dia se apaixonar por uma? Qual seria a explicação para isso? Seria o jeito da pessoa, o modo de olhar, o bom papo? Algumas pessoas citam carência e ausência de um par masculino à altura. Mas se fosse isso, como rolaria toda a química, o jogo de sedução? Não dá para um heterossexual simplesmente começar a se interessar por alguém do mesmo sexo apenas porque está carente. Ou dá?

Como eu disse, ainda não consegui entender. Deixo a vocês, que passaram ou passam por isso, essa explicação. Vamos debater.

mercury“Malu agora é minha esposa, minha vida, minha inspiração pra cantar”. Com essa frase e algumas fotos, a cantora Daniela Mercury assumiu um relacionamento homossexual ao mundo em 3 de abril deste ano.

A revelação causou uma enxurrada de elogios e apoio. Ela se tornou um novo ícone da comunidade LGBT. Foi rainha da Parada Gay de Salvador. Virou capa de grandes revistas. Sua voz voltou com força às rádios. Ela reconquistou seu espaço na mídia.

Há quem diga que foi uma bela jogada de marketing. Apesar de discordar disso, acredito que se foi mesmo, ela acertou na estratégia. Se foi marketing, ele foi bom não só para a carreira dela, mas para os gays, lésbicas e bissexuais.

Se assumir um relacionamento homossexual é hoje considerado marketing, constatamos que realmente o mundo está mudando. Virou algo positivo. Vide a fabricante de macarrão Barilla. O presidente da companhia, Guido Barilla, afirmou em entrevista que jamais iria permitir um casal gay nos comerciais de seus produtos. “Se os gays não gostarem, eles podem procurar outras marcas para comer”. A declaração causou revolta nas redes sociais e pedidos de boicote à marca. A equipe de marketing tentou consertar o erro, mas a companhia já tinha caído em descrédito para muitos consumidores. Dias depois, a concorrência já estava fazendo comerciais voltados aos gays.

Se Daniela Mercury também fez o que fez para ganhar mais visibilidade? Não importa, desde que todo sentimento seja verdadeiro. Uma boa ação de marketing só é válida se o que está por trás é de fato genuíno. E eu acredito ou pelo menos quero muito acreditar que seja. Se for marketing, que venham mais ações como essas. 

Abaixo, uma interessante entrevista com a cantora e sua esposa (elas se casaram no dia 12 de outubro) para a revista TRIP. 

dor de cabeçaA desculpa da dor de cabeça nunca colou com os homens. Mesmo assim muitas mulheres continuam usando…com outras mulheres.

Sim, essa não é uma briga exclusiva de casais heterossexuais. Independentemente do gênero, há sempre uma pessoa na relação que acaba querendo mais.

Algumas leitoras já enviaram e-mails sobre o assunto. Uma delas conta que geralmente é ela quem procura a namorada, dificilmente acontece o contrário. As mulheres têm necessidades diferentes e nem sempre são tão românticas e delicadas como muitos homens imaginam.

Talvez a diferença em um casal de mulheres está em saber respeitar o que a outra quer. Ela pode tentar, tentar e se tocar que ela deve parar por ali. Mas quando ela tenta por muitos dias e a recusa continua, daí pode esperar uma revolução. É briga. Gostaria muito de conhecer algum casal que nunca tenha brigado por isso, pelo menos uma vez.

Aliás, conheço mulheres que brigam com seus maridos ou namorados porque eles é que estão com dor de cabeça. Podem acreditar (risos).

Mas o que importa mesmo é o que acontece depois dessas brigas…é fácil esquecer tudo, né?

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